Dona Maria Emília de Moraes a "Dona Mara"
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- 19 de mai. de 2018
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Maria Emília de Moraes, conhecida como “Dona Mara”, filha de Carminda Alves da Silva e Mario de Abreu e Silva (ambos in memorian). Hoje com 74 anos, relata com emoção como foi sua infância em um dos bairros que guarda parte da história e da cultura de Cuiabá.
Por Fernanda Moraes

Dona Mara morou na Comandante Suído, hoje conhecido como “beco da lama”. Conta que vivia na beira do rio, pois sua mãe ia lavar roupa, e ela aproveitava para acompanha-lá. “Como ajudava minha mãe levar as roupas, já ficava para ver as pessoas pescando e principalmente as embarcações que vinham do rio a baixo que chegavam de Barão de Melgaço , Corumbá, Santo Antonio, etc.

Durante a conversa ela contou sobre seu padrinho, o senhor Benedito do Nascimento (in memorian), na época conhecido como “Nhozinho”, organizador da festa que era tradição no bairro, a festa de São João Batista.
“A festa era realizada na residência do meu padrinho Nhozinho, ele como maior organizador fazia questão de ser na casa dele. Eu era nova, mais lembro que não gostava de ajudar, queria só participar da festa, adorava ver o levantamento do mastro, e era apaixonada pela queima de fogos”.
Maria Emília de Moraes, foto de 1961
Porto passado x Porto presente
Perguntado a dona Mara, sobre a diferença do bairro antigamente e agora, ela respondeu:
“Antes minha mãe, não só ela como outros moradores, sentavam na porta da casa para conversar com os vizinhos e ver as crianças brincarem. Hoje, não se vê mais tanto isso, na minha opinião, as pessoas sentem medo, pois o numero de violência e assalto esta se tornando cada vez maior. Mesmo com o aumento do comércio, ainda prefiro o porto de antigamente”.
A moradora, ainda conta com tristeza que é difícil passar pelo bairro do porto, pois prostíbulos e marginalidade tomaram conta do bairro, principalmente na rua onde morou, atualmente “beco da lama”.

“Prefiro o porto de antes, mesmo não morando mais lá, é de partir o coração passar e ver uma rua que era um lugar aconchegante, de um bairro familiar, onde todos se conheciam, conversavam, e hoje só se vê pessoas jogadas na rua, muitos pontos de drogas e prostituição”.
Para tentar mudar isso, estão investindo na revitalização da parte física e visual, pois o bairro do porto já teve seu auge.
Por fim, ela conta que aprendeu muitos pratos típicos da culinária cuiabana, com ajuda da sua mãe. Hoje ela mora no bairro Santa Rosa, tem cinco filhos, sete netos e um bisneto.
Dona Mara (á direita), e sua mãe Carminda
Cozinheira de mão cheia, Dona Mara conta que cozinha desde os dez anos de idade por ser a única filha mulher e a mais velha dos setes irmãos. “Minha mãe por acordar todo dia de madrugada para ir vender café no mercado, onde hoje é o Museu do Rio, sempre chegava em casa e ia descansar, pois logo tinha que encaminhar todos nós para escola, por esse motivo aprendi desde cedo a preparar as comidas típicas daqui, já que era eu quem cozinhava na maioria das vezes em casa”.
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